Brasil, 500 anos de História

 

Sumário

A formação de Portugal e a instalação do sistema mercantilista

A descoberta da América

O Tratado de Tordesilhas

 

A formação de Portugal e a instalação do sistema mercantilista

Os cristãos que habitavam a Europa nunca tiveram boas relações com os mouros, provenientes do norte da África e seguidores da religião muçulmana. Os mouros, a fim de conquistar povos vizinhos e disseminar sua religião iniciaram por volta do século VII o movimento denominado Guerra Santa. O nascimento de Portugal com país ocorreu durante a luta contra a invasão dos mouros na Península Ibérica, no século VIII. Em 1139 Portugal nasceu como reino independente e seu primeiro rei foi Dom Afonso Henriques. A luta pela completa expulsão dos mouros durou mais de 200 anos e a independência de Portugal só se deu em 1383, com a Revolução de Avis. Esta foi uma luta política pela sucessão do trono português e Dom João I se saiu vitorioso com o apoio dos comerciantes locais e acabou por subir ao trono português. Durante seu reinado, Portugal evoluiu suas técnicas agrícolas medievais e foi o primeiro país a adotar o sistema mercantilista, que possuía como princípios o acúmulo de metais nobres (ouro e prata) como posses do país, um superávit de exportações e a exploração de colônias. O principal motivo de Portugal adotar esse tipo de sistema foi a pesca, que sempre foi a principal atividade econômica do país, uma vez que a atividade agrícola era prejudicada pela dificuldade de sua prática e pela pequena extensão do país.

No entanto Portugal sabia que genoveses e venezianos apresentavam um obstáculo em potencial para o progresso de seu sistema mercantilista, pois dominavam e intermediavam o comércio das especiarias e artigos de luxo orientais pelo Mar Mediterrâneo. “Navegar é preciso”, foi esta idéia que norteou os portugueses em busca de novos mercados e do comércio direto com o Oriente e norte da África.

Para promover a expansão marítima, o filho de Dom João I, Infante Dom Henrique, fundou em sua casa, localizada próxima ao Cabo de São Vicente, ao sul de Portugal, a Escola de Sabres. Tratava-se de um centro de estudos e pesquisas de navegação que reunia os melhores cientistas e pesquisadores da área na época. Por liderar a escola, o Infante Dom Henrique acabou recebendo o apelido de O Navegador.

Segue abaixo uma cronologia das principais etapas da expansão marítima portuguesa:

1415 – início da expansão marítima com a conquista da cidade de Ceut 1419 – expedição portuguesa chega à Ilha da Madeira 1431 – reconhecimento do Arquipélago dos Açores 1434 – Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador

Em 1453, Constantinopla foi dominada pelos turcos, que sabiam da importância da cidade como ponto de troca de mercadorias entre os comerciantes do Oriente e da Europa. Sob o reinado do Sultão Maomé II, Constantinopla tornou-se a capital do império turco, que teve seu nome alterado para Istambul. Com este acontecimento o comércio Europeu com o Oriente foi bastante prejudicado e Portugal era o único país da Europa que possuía experiência com navegação suficiente para assumir a tentativa de descobrir um novo caminho para se atingirem as Índias.

Bartolomeu Dias atinge em 1488 o que denominou Cabo das Tormentas em virtude de uma grande tormenta que enfrentou. Como as possibilidades em se alcançar as Índias cresceram potencialmente, o rei de Portugal alterou o nome do cabo para Cabo da Boa Esperança. Em 1498 Vasco da Gama atinge então a cidade de Calicute, nas Índias, o tão almejado objetivo da expansão marítima para o Atlântico.

Começou então uma nova fase na História Portuguesa, na qual Portugal projetou-se como um dos países mais prósperos do continente europeu.

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A descoberta da América

Durante o progresso de Portugal, a Espanha ocupava-se militarmente com a expulsão dos mouros que ainda se encontravam na cidade de Granada, localizada ao sul. Conseqüentemente, não haviam condições econômicas para investir na navegação, fato que perdurou até 1492, com a expulsão dos mouros. A partir daí, pôde-se então investir nos novos planos de viagem para atingir as Índias do navegador genovês Cristóvão Colombo. Este já havia apresentado seus planos ao rei de Portugal, que não se interessou, pois os planos portugueses eram contornar a costa da África.

Colombo acreditava que a Terra possuía formato arredondado e assim poderia alcançar as Índias dando a volta ao redor do mundo. A única coisa que ele desconhecia era a existência de um continente no meio deste trajeto, que posteriormente ele viria a descobrir.

Cristóvão Colombo partiu então do porto de Palos, na Espanha, a 3 de agosto de 1492. Sua frota consistia de três caravelas, Santa Maria, Pinta e Nina, com aproximadamente 100 tripulantes. Colombo lidou corajosamente com o medo da tripulação, especialmente medo do desconhecido, que até mesmo fez com que a mesma ameaçasse uma revolta.

No dia 12 de outubro de 1492, um tiro de canhão proveniente da caravela Pinta anunciava a descoberta de terras. Descobria-se então a América.

Colombo no entanto nunca soube que foi descobridor da América. Fez mais três viagens à América sempre supondo que se dirigia às Índias. Por esse motivo os habitantes da nova terra foram denominados índios. O engano de Colombo só foi esclarecido por Américo Vespúcio, cujo nome em sua homenagem foi cedido ao novo continente, a América.

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O Tratado de Tordesilhas

Naquela época a autoridade máxima para solucionar conflitos internacionais entre os reinos cristãos era a Igreja Católica, personificada na figura do Papa. Para assegurar em âmbito mundial a posse das novas terras, os reis da Espanha, com o auxílio do Papa Alexandre VI, também espanhol, estabeleceram que todas as terras que estivessem a oeste de uma linha imaginária demarcatória que passaria a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde pertenceriam à Espanha e, todas que estivessem a leste, pertenceriam a Portugal.

A Espanha então assegurava o seu domínio sobre as terras americanas e Portugal teria a posse das terras africanas. Portugal, porém, não concordou e inclusive ameaçou decidir a questão através de uma guerra. No entanto, um acordo entre os dois países acalmou os ânimos. Este tratado foi assinado por Portugal e Espanha no dia 7 de junho de 1494 na cidade espanhola de Tordesilhas, e foi então denominado Tratado de Tordesilhas. Estabeleceu-se então que a nova linha imaginária passaria a 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde. Evidentemente, países como França e Inglaterra não concordaram com essa divisão.

Seis meses após o regresso de Vasco da Gama das Índias, Dom Manuel, o rei de Portugal, decidiu enviar uma poderosa esquadra a fim de consolidar as relações políticas e comerciais com os povos do Oriente. A esquadra foi uma das mais bem equipadas e organizadas que Portugal já teve, e era composta por 13 navios e aproximadamente 1500 tripulantes. Entre esses estavam os mais experientes navegadores, tais como Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho, Gaspar de Lemos, bem com padres, soldados e comerciantes. À seu comando estava o fidalgo português Pedro Álvares Cabral.

Partiram então de Lisboa a 9 de março de 1500 e tinham como destino a cidade de Calicute, nas Índias. No entanto a esquadra foi se afastando das costas africanas, rumando na direção sudoeste. No dia 21 de abril de 1500, uma terça-feira, os navegadores verificam a existência de ervas boiando no mar, o que significava a presença próxima de terra firme. Seguiram então em sua direção e na manhã da quarta-feira seguinte, um bando de aves no céu confirmou a existência de terra. Ao fim da tarde deste mesmo dia, um monte alto e redondo foi avistado, bem como uma extensa faixa de terras recoberta por arvoredos ao sul dele. Este monte recebeu então o nome de Monte Pascoal, em virtude de ser a semana da páscoa e a terra foi batizada com o nome de Vera Cruz.

Muitos contestam esta versão da descoberta do Brasil ter sido uma obra do acaso. Particularmente eu também não aceito esta versão. Cabral foi enviado às terras americanas descobertas para iniciar a ocupação do território que estavam sob seus domínios segundo o Tratado de Tordesilhas, e assim assegurar a sua posse e evitar que os outros países o fizessem. Obviamente existe também o metalismo proveniente do sistema mercantilista português, que motivava a busca por metais preciosos ou mesmo outros tipos de bens exploráveis e rentáveis nas novas terras.

No dia 23 de abril, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral convocou uma reunião com todos os comandantes da esquadra e a partir dela decidiu-se que o comandante Nicolau Coelho desembarcaria na terra descoberta.