Curitiba (Paraná)

 

Apresentação

Nossa visita à Curitiba foi motivada pela vontade do Thomas em conhecer a considerada "cidade modelo" do Brasil ou a "cidade ecológica". Estas designações provém do reconhecido plano de transportes da cidade, proporcionando facilidade de acesso pela população em todos os cantos da cidade, e pela preservação de grandes áreas verdes dentro da cidade, o que corresponde a cerca de 52 m2 de área verde por habitante. O maior parque urbano do Brasil encontra-se em Curitiba, com cerca de 8 milhões de metros quadrados.

Primeiramente darei uma visão geral da cidade bem como falarei um pouco da história pois considero que para se entender o desenvolvimento e o estado atual de um lugar devemos sempre dar uma olhadinha na história e aprender com ela.

 

A história da cidade e a origem de seu nome

A região metropolitana de Curitiba é formada por 25 municípios e possui uma população de 2,4 milhões de habitantes. A cidade de Curitiba possui uma área de 432 km2, cerca de 1,3 milhões de habitantes e é a capital do estado do Paraná.

Curitiba já foi a cidade das araucárias, ou pinheiro-do-paraná. Era recoberta por estas árvores que por décadas foram um importante recurso econômico para o estado, e seu nome provém deste fato. Existem duas explicações para o nome. Uma é que Curitiba se origina das palavras em guarani coré (pinhão) e etuba (muito), provenientes dos índios Tingüi, pertencentes às nações Tupi, Jê e Guarani. A outra explicação vêm das palavras também em guarani Kurit (pinheiro) e Yba (grande quantidade).

A origem de Curitiba remonta aos tempos da caça ao ouro, quando os faiscadores de ouro provenientes do litoral subiram os rios transpondo a Serra do Mar e chegaram então ao planalto onde está situada a cidade. O primeiro núcleo foi estabelecido às margens do rio Atuba por Eleodoro Ébano Pereira, na localidade chamada de Vilinha, sendo depois transferido para onde está atualmente a Praça Tiradentes. Ali cresceria a Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que foi oficialmente fundada em 29 de março de 1693 pelo capitão-povoador Matheus Martins Leme. Ele promoveu a primeira eleição para a Câmara de Vereadores e a instalação da Vila, como exigiam as Ordenações Portuguesas.

A mudança do nome da vila veio em 1721, com a visita do ouvidor Raphael Pires Pardinho, provavelmente a primeira autoridade a se preocupar com o meio ambiente da cidade, estabelecendo diversos cuidados para que a população tomasse com relação à natureza. Corte de árvores em áreas restritas, limpeza pelos moradores do Rio Ribeiro (atualmente Rio Belém) a fim de evitar o banhado em frente à igreja matriz, autorização de construção de casas obrigatoriamente recobertas com telhas dada apenas pela Câmara e extensão apenas de ruas já existentes a fim de propiciar um crescimento uniformizado da vila foram algumas de suas ações.

Esquecida pelos governantes da Capitania de São Paulo, Curitiba passou por um período de extrema pobreza. A prosperidade só viria com o tropeirismo, a partir de 1812. Sendo um ponto estratégico no caminho do Viamão para os Estados de São Paulo e de Minas Gerais, a passagem dos tropeiros proporcionou o crescimento do comércio do povoado.

Ocorreu então um êxodo do campo para o povoado em virtude do aluguel de fazendas para as invernadas. O comércio ligado ao transporte de gado então se propagou. Com o desenvolvimento, foi conquistada a emancipação do Paraná. Assim, em 1842 a Vila ascendeu à categoria de Cidade e, em 29 de agosto de 1853, Curitiba foi elevada à Capital do Estado do Paraná.

 

A imigração

A imigração desempenhou um papel fundamental para delinear o perfil atual de Curitiba. Os imigrantes contribuíram para a formação da estrutura populacional, econômica, social e cultural da cidade. Com seus mais diversos hábitos e costumes esses imigrantes foram uma influência marcante na cidade, tornando-a um verdadeiro caldeirão cultural.

Até o século 18, os habitantes da cidade eram índios, mamelucos (mestiço originado de índio com branco), portugueses e espanhóis. Com a emancipação política do Paraná (1853) e o incentivo governamental à colonização na segunda metade do século 19, Curitiba foi transformada pela intensa imigração de europeus.

Em 1872 a presença dos alemães na região já era considerável. Eles foram responsáveis pela difusão do conceito de associativismo, pelo início do processo de industrialização na região, pelo incremento do comércio, pela influência da arquitetura alemã na região bem como de seus hábitos alimentares.

Os poloneses chegaram em 1871 e fundaram as colônias de Tomás Coelho (Araucária), Muricy (São José dos Pinhais), Santa Cândida, Órleans, Lamenha, Pilarzinho e Abranches. Atuaram basicamente na lavoura e no comércio, e formam atualmente em Curitiba a maior colônia polonesa no Brasil.

Os italianos vieram para Curitiba em 1872 e criaram a colônia Santa Felicidade em 1878. Os italianos provenientes do norte da Itália eram em sua maioria operários, artesãos, profissionais especializados e comerciantes enquanto os provenientes do sul eram lavradores. Estes contribuíram com a introdução de novos implementos agrícolas. Os imigrantes italianos, assim como os poloneses, também vendiam na cidade a produção de hortaliças em carroças.

Em 1895 vieram os ucranianos, que estabeleceram-se no Campo da Galícia e foram expandindo suas propriedades ao longo da atual Avenida Cândido Hartmann e por todo o bairro do Bigorrilho. O Parque Tingüi possui um memorial celebrando o centenário da imigração ucraniana na cidade.

Os japoneses marcaram presença em Curitiba a partir de 1915, com a chegada de Mizumo Ryu. Em 1924 imigraram em maior número e se fixaram na cidade e em suas redondezas - Uberaba, Campo Comprido, Santa Felicidade e Araucária.

Os sírios e libaneses estabeleceram-se no comércio de roupas, sapatos, tecidos e armarinhos. Em função das características de suas lojas, ocuparam a área central da cidade. Os primeiros imigrantes vendiam de porta-em-porta as novidades às colônias mais distantes viajando em lombo de burro.

 

Atrações Turísticas

Uma dos parques mais famosos da cidade é o Jardim Botânico Fanchette Rischbieter, especialmente pela estufa em estrutura metálica com uma arquitetura modernista e bem arrojada. Inaugurado em 1991, sua concepção inspira-se nos jardins franceses. Situado em uma área de 69 mil e 285 metros quadrados dentro da cidade, o parque possui amostras de espécies vegetais de todo o Brasil sendo que algumas delas estão abrigadas na estufa. Existem diversas trilhas percorrendo o parque, um prato cheio para aqueles que gostam de caminhar tendo a natureza como pano de fundo. O parque abriga o Museu Botânico, que possui auditório, espaço para exposições, biblioteca, quadras de tênis e um velódromo.

Um outro parque muito famoso da cidade é o Parque das Pedreiras que abriga um espaço cultural formado pela Pedreira Paulo Leminski e pela famosa Ópera de Arame, ambos utilizados como cenário para espetáculos. A Ópera de Arame foi inaugurada em 1992 e trata-se de uma estrutura em ferro tubular revestida por tela aramada à semelhança da Ópera de Paris. A ponte de entrada da ópera é uma atração à parte para os turistas. Adultos e especialmente as crianças se divertem com a sensação de aflição que se tem ao pisar no aramado em virtude de se ver o lago que passa sob a ponte. A vista da cascata de dez metros de altura completa a paisagem.

O Parque Tanguá foi uma grata surpresa quando da nossa visita pela beleza de sua paisagem. Assim como o Parque das Pedreiras, o Parque Tanguá situa-se num antigo conjunto de pedreiras desativadas. Inaugurado em 1996, o parque possui um complexo de construções situado na parte alta da antiga pedreira que abrigam um belo mirante, lanchonete e estacionamento. A parte baixa possui um túnel artificial que possui uma passarela em madeira que termina numa grande plataforma no meio do lago bem como um outro estacionamento. Que estiver de carro, aconselho a parar neste estacionamento para ver esta parte, caso contrário terá uma boa caminhada pela frente. A cascata que cai no lago é um espetáculo de beleza. Quando o dia está ensolarado, ainda se poder ver o arco-íris formado pela queda da água. O parque como um todo é muito agradável e com muitas possibilidades de divertimento, tais como o ancoradouro, a ciclovia e pista de cooper.

O Parque Tingüi, inaugurado em 1994, abriga também um condomínio de casas de alto padrão. A principal atração do parque é mesmo o Memorial Ucraniano, cujas construções foram feitas em madeira-de-lei encaixada. Sua inauguração se deu em 26 de outubro de 1995 por ocasião do centenário da imigração ucraniana no Brasil. Na entrada do parque tem-se a estátua do líder da tribo Tingüi, o cacique Tindiqüera, que indicou aos colonizadores o local onde deveria ser instalada a Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, hoje Curitiba.

Uma parada obrigatória para nós tinha que ser o Bosque Alemão, afinal tínhamos um alemão original visitando a cidade. J Inaugurado em 1996, a principal atração do parque é o Oratório de Bach, uma sala de concertos, cuja construção em madeira é réplica de uma antiga igreja presbiteriana do bairro Seminário. Descendo a torre de madeira enveredamos pelo interior do bosque e a primeira atração é a Casa de Contos, uma biblioteca de histórias infantis. Na trilha que cruza o bosque, ou seja, o Caminho dos Contos de Grimm, existem murais em azulejos que retratam em versos a história de João e Maria (Hänsel und Gretel). No final da trilha nos deparamos com uma réplica da fachada de uma casa alemã que se encontrava na cidade. Vale a pena uma visita!

A Rua 24 Horas foi criada em 1992, e trata-se de uma rua coberta por estrutura metálica em arcos e cobertura de vidro, onde as lojas não fecham nunca. Existe um  grande relógio na entrada representando exatamente o fato da rua estar aberta as 24 horas do dia. A maioria das lojas que aí se encontram são bares e restaurantes que são o happy-hour dos curitibanos. Nesta rua também encontra-se o centro de informações turísticas.

Em 1889 a Rua das Flores recebeu o nome de Rua XV de Novembro, em homenagem à Proclamação da República. Nela se encontra o principal calçadão da cidade, e é o coração comercial da cidade. Luminárias antigas, vasos repletos de flores e bancos de praça encontram-se ao longo de uma grande extensão da rua. 

Na região central da cidade, na Praça Tiradentes, encontramos a Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz, ou seja, a igreja matriz que foi construída em 1893 e inspirada na Sé de Barcelona. Na época natalina a igreja fica toda recoberta de luzes e é uma atração na cidade. Enveredando em direção ao centro histórico da cidade, encontramos primeiramente duas igrejas que são a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, construída em 1737 e a mais antiga igreja de Curitiba, e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito, construída por escravos em 1737 e a segunda igreja mais antiga da cidade. Nos deparamos então com o Relógio das Flores, na Praça Garibaldi, inaugurado em 1972 e cujas flores são respostas a cada trimestre, de acordo com as florações do ano.

O Passeio Público é o ponto de encontro da cidade nos finais de semana. Ele já foi um charco e jardim botânico. O seu portão de entrada é uma cópia do antigo portal do Cemitério de Cães de Paris. Oferece como atrações as ilhas dos macacos, das garças, dos amores, a ponte pênsil, o aquário e um minizoológico.

O Teatro Paiol foi construído em 1874 e era utilizado como paiol de pólvora. Em 1971 foi transformado em um teatro de arena, preservando-se as características arquitetônicas romanas.

 

Pernoite

Nossa estadia em Curitiba foi literalmente um grande dilema. Primeiramente pensamos no albergue da cidade, mas como havia descoberto por contatos através de e-mails que só haviam quartos coletivos de 6 pessoas, e isso significaria preocupação e atenção constante com nossos objetos, preferimos tentar outra opção. Como iríamos permanecer uma semana na cidade, ligamos para uma imobiliária para averiguar a possibilidade de alugarmos um apartamento para temporada. Mas como não se trata de uma região litorânea, essa possibilidade não existia. No final ficamos na região da Rua XV de Novembro, no Hotel Ohara, localizado na rua que passa lateralmente à Universidade Federal do Paraná. Não é o hotel mais barato da cidade, mas considerando o que vimos do que se tratava o hotel mais barato, ficamos satisfeitos pela escolha.

Chegamos a procurar outras opções durante a nossa estada e a única outra mais vantajosa seria ficarmos num apart hotel da cidade. O que por um lado seria um pouco mais barato, pelo outro aumentaria a distância que teríamos que andar para conhecer o centro da cidade e além de tudo teríamos que pagar estacionamento.

No caso o que realmente foram fatores de decisão para escolha definitiva em permanecer no hotel do centro foram: localização, estacionamento incluso e preço razoável. No entanto tivemos que nos deparar com um café da manhã que não era lá essas coisas e quartos bastante antigos, quentes e sombrios. Se quiséssemos ar condicionado teríamos que pagar a mais. J

Conclusão de todo esse dilema: a melhor solução para permanecer na cidade é em um hotel de preço convidativo na região da Rua XV de Novembro, que no caso é um ponto estratégico para se conhecer mais facilmente as atrações da cidade. Para quem precisar de ajuda para encontrar hotéis, logo que chegar na cidade se dirija à Rua 24 Horas. Lá existe um posto de informações turísticas e a atendente possui inclusive uma lista de preços dos hotéis.

Alimentação

Andando pelo centro da cidade acabamos por receber um folheto de um garoto. Neste folheto se encontrava um anúncio de um pequeno restaurante situado na Rua XV de Novembro. Fomos experimentar e não saímos mais de lá. A comida era simples, caseira e de boa qualidade. E o mais importante: barata! J

Um prato típico da região é o Barreado. Ele é feito com carne de vaca temperada e cozinhada em panela de barro por aproximadamente 30 horas. A carne com o molho é misturada com farinha de mandioca até formar-se uma pasta consistente. Tem-se o prato como bem feito se ao virar-se o prato a mistura não cair. É servido com rodelas de bananas sobre ele.

A cidade também apresenta diversos pratos à base de pinhão.



Transporte

Em se tratando da cidade modelo em plano de transportes, tínhamos que andar de ônibus para testar. Realmente é tudo bem organizado e o mais interessante são os diferentes tipos de ônibus que fornecem mais agilidade à população. Existem os ônibus comuns que param ponto por ponto e os chamados ligeirinhos que param apenas nos pontos mais importantes e dessa forma são mais rápidos.

Os pontos de ônibus são os chamados tubos e fornecem um visual muito mais agradável à cidade.

Existe uma linha de ônibus chamada Jardineira que passa pelos 16 principais pontos turísticos da cidade. Durante o passeio é permitido parar por três vezes nos lugares que se porventura deseje e os ônibus circulam nos domingos e feriados, passando a cada 30 minutos.

Outro ponto forte da cidade são as ciclovias, são mais de 150 Km cortando a cidade.

Para quem gosta de esportes existem infinitas pistas de cooper. Haja fôlego! J

 

Para quem estiver interessado em ver mais fotos no site oficial da cidade de Curitiba, seguem aqui alguns links diretos para as seções de turismo (em alemão).

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